segunda-feira, 20 de junho de 2011

RODAS DE LEITURAS

As rodas de biblioteca devem ser realizadas como uma atividade planejada e permanente de leitura na escola (semanal ou quinzenal), em que se converse sobre as leituras que as crianças realizaram em casa (com o empréstimo de livros) e abra-se um espaço para que elas indiquem o livro que leram para alguns colegas, levando em conta características da obra e as preferências leitoras dos amigos.

Essa atividade, ao ser inserida no cotidiano da classe, traz em si o potencial de ajudar a construir uma comunidade de leitores e escritores na escola, em que as crianças tenham múltiplas oportunidades de explorar novos livros, escolher suas leituras, apreciar os efeitos que cada uma delas lhes traz, falar sobre essas sensações, recomendar leituras e analisar as recomendações recebidas dos colegas a fim de seguir aquelas que parecem mais interessantes, desenvolvendo, ao longo do processo, gostos e preferências por obras, gêneros e autores.

 


RODAS DE LEITURAS EM ESCOLAS






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SUSSURRADORES DE POESIA

 Foi inspirado na performático Frânces Les Souffleurs ( literalmente, os sopradores ), que realiza intervenções em várias  cidades do mundo sussurando fragmentos de textos poéticos e filosóficos no ouvido das pessoas, numa tentativa de desaceleraçaõ do mundo.
Comandos poéticos é a performance mais famosa dos Les Souffleurs e foi apresentada na cidade de São Paulo, na virada cultural de 2009, quando sussurraram poesia em praças e bibliotecas.
Como o grupo les souffleurs, usamos um tubo para susssurrar os textos. Optimos por reaproveitar tubos de papelão que  na, nossa proposta, se tornam um objeto lúdico, belo e que recupera o gosto das brincadeiras simples de antigamente.
Usamos uma poesia como delicado presente, que se leva a boca ao ouvido.

      E na ufal fizemos sussuradores com o apoio da professara giseli, de literatura infantil, foi uma experiência ótima.

Pense como foi divertido!!!

Graça, Regina Kelly e Angélica






quarta-feira, 8 de junho de 2011

Recomendação de Leitura do dia

A Pequena Sereia

Adaptado do conto original de Hans Christian
Andersen

Muito longe da terra, onde o mar é muito
azul, vivia o povo do mar. O rei desse povo tinha seis filhas,
todas muito bonitas, e donas das vozes mais belas de todo o mar,
porém a mais moça se destacava, com sua pele fina e delicada como
uma pétala de rosa e os olhos azuis como o mar. Como as irmãs, não
tinha pés mas sim uma cauda de peixe. Ela era uma sereia.
Essa princesa era a mais interessada nas histórias sobre o
mundo de cima, e desejava poder ir à superfície; queria saber tudo
sobre os navios, as cidades, as pessoas e os animais.
— Quando você tiver 15 anos — dizia a avó —
subirá à superfície e poderá se sentar nos rochedos para ver o
luar, os navios, as cidades e as florestas.
Os anos se passaram... Quando a princesa completou 15 anos
mal pôde acreditar. Subiu até a superfície e viu o céu, o sol, as
nuvens... viu também um navio e ficou muito curiosa. Foi nadando
até se aproximar da grande embarcação. Viu, através dos vidros das
vigias, passageiros ricamente trajados. O mais belo de todos era
um príncipe que estava fazendo aniversário, ele não deveria ter
mais de 16 anos, e a pequena sereia se apaixonou por ele.
A sereiazinha ficou horas admirando seu príncipe, e só
despertou de seu devaneio quando o navio foi pego de surpresa por
uma tempestade e começou a tombar. A menina viu o príncipe cair no
mar e afundar, e se lembrou de que os homens não conseguem viver
dentro da água. Mergulhou na sua direção e o pegou já desmaiado,
levando-o para uma praia.
Ao amanhecer, o príncipe continuava desacordado. A sereia,
vendo que um grupo de moças se aproximava, escondeu-se atrás das
pedras, ocultando o rosto entre os flocos de espuma.
As moças viram o náufrago deitado na areia e foram buscar
ajuda. Quando finalmente acordou, o príncipe não sabia como havia
chegado àquela praia, e tampouco fazia idéia de quem o havia
salvado do naufrágio.
A princesa voltou para o castelo muito triste e calada, e não
respondia às perguntas de suas irmãs sobre sua primeira visita à
superfície.
A sereia voltou várias vezes à praia onde tinha deixado o
príncipe, mas ele nunca aparecia por lá, o que a deixava ainda
mais triste. Suas irmãs estavam muito preocupadas, e fizeram
tantas perguntas que ela acabou contando o que havia acontecido.
Uma das amigas de uma das princesas conhecia o príncipe e sabia
onde ele morava. A pequena sereia se encheu de alegria, e ia nadar
todos os dias na praia em que ficava seu palácio. Observava seu
amado de longe e cada vez mais gostava dos seres humanos,
desejando ardentemente viver entre eles.
A princesa, muito curiosa para conhecer melhor os humanos,
perguntou a sua avó se eles também morriam.
— Sim, morrem como nós, e vivem menos. Nós podemos
viver trezentos anos, e quando “desaparecemos” somos
transformadas em espuma. Nossa alma não é imortal. Já os humanos
têm uma alma que vive eternamente.
— Eu daria tudo para ter a alma imortal como os
humanos! — suspirou a sereia.
— Se um homem vier a te amar profundamente, se ele
concentrar em ti todos os seus pensamentos e todo o seu amor, e se
deixar que um sacerdote ponha a sua mão direita na tua,
prometendo-te ser fiel nesta vida e na eternidade, então a sua
alma se transferirá para o teu corpo. Ele te dará uma alma, sem
perder a dele... Mas isso jamais acontecerá! Tua cauda de peixe,
que para nós é um símbolo de beleza, é considerada uma deformidade
na terra.
A sereiazinha suspirou, olhando tristemente para a sua cauda
de peixe e desejando ter um par de pernas em seu lugar. Mas a
menina não esquecia a idéia de ter uma alma imortal e resolveu procurar a bruxa do mar, famosa por tornar sonhos de jovens
sereias em realidade... desde que elas pagassem um preço por isso.
O lugar onde a bruxa do mar morava era horrível, e a princesa precisou de muita coragem para chegar lá. A bruxa já a esperava, e foi logo dizendo:
— Já sei o que você quer. É uma loucura querer ter
pernas, isso trará muita infelicidade a você! Mesmo assim vou
preparar uma poção, mas essa transformação será dolorosa. Cada
passo que você der será como se estivesse pisando em facas
afiadas, e a dor a fará pensar que seus pés foram dilacerados.
Você está disposta a suportar tamanho sofrimento?
— Sim, estou pronta! — disse a sereia, pensando
no príncipe e na sua alma imortal.
— Pense bem, menina. Depois de tomar a poção você nunca
mais poderá voltar à forma de sereia... E se o seu príncipe se
casar com outra você não terá uma alma imortal e morrerá no dia
seguinte ao casamento dele.
A sereiazinha assentiu com a cabeça e, sem dizer uma palavra,
ficou observando a bruxa fazer a poção.
— Pronto, aqui está ela... Mas antes de entregá-la a
você, aviso que meu preço por este trabalho é alto: quero a sua
linda voz como pagamento. Você nunca mais poderá falar ou
cantar...
A princesa quase desistiu, mas pensou no seu príncipe e pegou
a poção que a bruxa lhe estendia. Não quis voltar para o palácio,
pois não poderia falar com suas irmãs, sua avó e seu pai. Olhou de
longe o palácio onde nasceu e cresceu, soltou um beijo na sua
direção e nadou para a praia.
Assim que bebeu a poção, sentiu como se uma espada lhe
atravessasse o corpo e desmaiou. Acordou com o príncipe
observando-a. Ele a tomou docemente pela mão e a conduziu ao seu
palácio. Como a bruxa havia dito, a cada passo que a menina dava
sentia como se estivesse pisando sobre lâminas afiadíssimas, mas
suportava tudo com alegria pois finalmente estava ao lado de seu
amado príncipe.
A beleza da moça encantou o príncipe, e ela passou a
acompanhá-lo em todos os lugares. À noite, dançava para ele, e
seus olhos se enchiam de lágrimas, tamanha dor sentia nos pés.
Quem a visse dançando ficava hipnotizado com sua graça e leveza, e
acreditava que suas lágrimas eram de emoção.
O príncipe, no entanto, não pensava em se casar com ela, pois
ainda tinha esperança de encontrar a linda moça que ele vira na
praia, após o naufrágio, e por quem se apaixonara. Ele não se
lembrava muito bem da moça, e nem imaginava que aquela menina muda
era essa pessoa...
Todas as noites a princesinha ia refrescar os pés na água do
mar. Nessas horas, suas irmãs se aproximavam da praia para matar a
saudade da caçulinha. Sua avó e seu pai, o rei dos mares, também
apareciam para vê-la, mesmo que de longe.
A família do príncipe queria que ele se casasse com a filha
do rei vizinho, e organizou uma viagem para apresentá-los. O
príncipe, a sereiazinha e um numeroso séquito seguiram em viagem
para o reino vizinho.
Quando o príncipe viu a princesa, não se conteve e gritou:
— Foi você que me salvou! Foi você que eu vi na praia!
Finalmente encontrei você, minha amada!
A princesa era realmente uma das moças que estava naquela
praia, mas não havia salvado o rapaz. Para tristeza da sereia, a
princesa também se apaixonara pelo príncipe e os dois marcaram o
casamento para o dia seguinte. Seria o fim da sereiazinha. Todo o
seu sacrifício havia sido em vão.
Depois do casamento, os noivos e a comitiva voltaram para o
palácio do príncipe de navio, e a sereia ficou observando o
amanhecer, esperando o primeiro raio de sol que deveria matá-la.
Viu então suas irmãs, pálidas e sem a longa cabeleira, nadando ao
lado do navio. Em suas mãos brilhava um objeto.
— Nós entregamos nossos cabelos para a bruxa do mar em
troca desta faca. Você deve enterrá-la no coração do príncipe. Só
assim poderá voltar a ser uma sereia novamente e escapará da
morte. Corra, você deve matá-lo antes do nascer do sol.
A sereia pegou a faca e foi até o quarto do príncipe, mas ao
vê-lo não teve coragem de matá-lo. Caminhou lentamente até a
murada do navio, mergulhou no mar azul e, ao confundir-se com as
ondas, sentiu que seu corpo ia se diluindo em espuma.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Recomendação de Leitura do dia

O LOBO E OS SETE CABRITINHOS
 
Irmãos Grimm - KHM 005
 
  
 Era uma vez uma cabra que tinha sete cabritinhos. Ela os amava com todo o amor que as mães sentem por seus filhinhos. Um dia, ela teve que ir à floresta em busca de alimento. Então, chamou os cabritinhos e lhes disse:
- Queridos filhinhos, preciso ir à floresta buscar comida. Tenham muito cuidado por causa do lobo mau. Se ele entrar aqui, vai devorá-los todos. É seu costume disfarçar-se, mas vocês o reconhecerão pelas sua voz rouca e por suas patas pretas.
            Os cabritinhos responderam:
- Querida mãezinha, pode ir descansada, pois teremos muito cuidado.
A cabra baliu e foi andando despreocupada. Não se passou muito tempo e alguém bateu à porta dizendo:
- Abram a porta, queridos filhinhos. A mamãe está aqui e trouxe uma coisa para cada um de vocês.
Os cabritinhos perceberam logo que era o lobo, por causa de sua voz rouca, e responderam:
- Não abriremos a porta, não! Você não é nossa mãezinha. Ela tem uma voz macia e agradável. A sua é rouca. Você é o lobo!
O lobo, então, foi a uma loja, comprou uma porção de mel com limão e bebeu-o para amaciar a voz. Voltou à casa dos cabritinhos, bateu à porta, e disse:
- Abram a porta, meus filhinhos. A mamãe já voltou e trouxe um presente para cada um de vocês.
Mas o lobo tinha posto as patas na janela e os cabritinhos responderam:
- Não abriremos a porta, não! Nossa mãe não tem patas pretas como as suas. Você é o lobo.
O lobo foi à padaria e disse ao padeiro:
- Tenho as patas feridas. Preciso esfregá-las em um pouco de farinha.
O padeiro pensou consigo mesmo: "O lobo está querendo enganar alguém". E recusou-se a fazer o que ele pedia. O lobo, porém, ameaçou devorá-lo e o padeiro, com medo, esfregou-lhe bastante farinha nas patas.
Pela terceira vez, foi o lobo bater à porta dos cabritinhos:

- Meus filhinhos, abram a porta. A mãezinha já está aqui, de volta da floresta, e trouxe uma coisa para cada um de vocês.
Os cabritinhos disseram:
- Primeiro mostre-nos suas patas, para vermos se você é mesmo nossa mãezinha.
O lobo pôs as patas na janela e, quando eles viram que eram brancas, acreditaram e abriram a porta.
Mas, que surpresa!!! Ficaram apavorados quando viram o lobo entrar. Procuraram esconder-se depressa. Um entrou debaixo da mesa; outro meteu-se na cama; o terceiro entrou no fogão; o quarto escondeu-se na cozinha; o quinto, dentro do guarda-louça; o sexto, embaixo de uma tina, e o sétimo, o menorzinho, na caixa do relógio. O lobo os foi achando e comendo, um a um. Só escapou o menor, que estava na caixa do relógio.
Quando satisfez o seu apetite, saiu e, mais adiante, deitou-se num gramado. Daí a pouco pegou no sono.
Momentos depois, a cabra voltou da floresta. Que tristeza a esperava! A porta estava escancarada. A mesa, as cadeiras e os bancos, jogados pelo chão. As cobertas e os travesseiros, fora das camas. Ela procurou os filhinhos, mas não os achou. Chamou-os pelos nomes, mas não responderam. Afinal, quando chamou o menorzinho, uma voz muito sumida respondeu:
- Mãezinha querida, estou aqui, no relógio.
Ela o tirou de lá, e ele lhe contou tudo o que havia acontecido. A pobre cabra chorou ao pensar no triste fim de seus filhinhos!!! Alguns minutos depois, ela saiu e foi andando tristemente pela redondeza. O cabritinho acompanhou-a. Quando chegaram ao gramado, viram o lobo dormindo, debaixo de uma árvore. Ele roncava tanto que os galhos da árvore balançavam. A cabra reparou que alguma coisa se movia dentro da barriga do lobo.
- Oh! Será possível que meus filhinhos ainda estejam vivos, dentro da barriga do lobo?  pensou ela falando alto.
Então, o cabritinho correu até sua casa e trouxe uma tesoura, agulha e linha. Mal a cabra fez um corte na barriga do lobo malvado, um cabritinho pôs a cabeça de fora. Ela cortou mais um pouco e os seis saltaram, um a um. Como ficaram contentes!!! Cada qual queria abraçar mais a mamãe. Ela também estava radiante, contudo, precisava acabar a operação antes que o lobo acordasse. Mandou que os cabritos procurassem umas pedras bem grandes. Quando eles as trouxeram, ela as colocou dentro da barriga do bicho e coseu-a rapidamente. Daí a momentos, o lobo acordou. Como sentisse muita sede, levantou-se para beber água no poço. Quando começou a andar, as pedras bateram, umas de encontro às outras, fazendo um barulho esquisito. O lobo pôs-se a pensar:
"Estavam bem gostosinhos

Os cabritos que comi.

Mas depois, que coisa estranha!

Que enorme peso senti!"
Quando chegou ao poço e se debruçou para beber água, com o peso das pedras, caiu lá dentro e morreu afogado. Os cabritinhos, ao saberem da boa notícia, correram e foram dançar, junto ao poço, cantando, todos ao mesmo tempo":
"Podemos viver,

Sem ter mais cuidado.

O lobo malvado morreu,

No poço afogado."
 
Abbildung: Der Wolf und die sieben jungen Geißlein (Grimm)

DICAS: COMO O PROFESSOR PODE AJUDAR A CRIANÇA A GOSTAR DE LER

Dar oportunidade para uma criança conhecer o mundo encantado dos livros é um dos papéis fundamentais da escola, seja através dos clássicos infantis, contos, lendas, anedotas, quadrinhos, dentre vários outros.
           Para isso, é fundamental que os professores sejam os elementos de ligação entre os alunos e os livros, ao mundo do faz-de-conta, pois estes ampliam o potencial imaginativo da criança, tornando-a mais criativa.
Existem várias formas de incentivar a criança a gostar de ler, bem como a criar o hábito de leitura. Ser um bom contador de histórias é uma dessas formas, pois as crianças se encantam com o professor, com a entonação de sua voz, os gestos que faz, as caras e bocas, os risos ou choros, enfim, tudo aquilo que traz emoção para o momento. E mais tarde tentam imitá-lo agindo da mesma forma.
Entretanto, a leitura não deve ser somente para o prazer, mas com o objetivo de promover a capacidade reflexiva e crítica, o que acontece quando o professor abre espaço para discussões após a mesma, dando oportunidade dos alunos darem suas opiniões, elogiando ou não o livro, repensando suas idéias acerca do tema abordado, ou até mesmo mudando o final da história.

Voltando para a sala de aula, cada aluno poderá fazer um desenho ou um resumo, a fim de registrar e demonstrar o que foi lido, bem como a forma que compreendeu a história.
Brincar com teatro, fantasias, buscando a representação dos textos lidos também é uma excelente forma de incentivar a leitura, pois o aluno percebe que para simular precisa ter um texto, uma história em mente. Além disso, o teatro é uma forma prazerosa de se aprender, promove descontração e muita troca de conhecimento.
E não precisam fazer a representação apenas de histórias, mas de filmes, conteúdos de outras disciplinas, fatos do cotidiano, etc.
O importante é que a escola abra espaço para esse tipo de trabalho e que os professores incentive-os sempre, visando o aumento do vocabulário, a riqueza de idéias, a desinibição, a constituir uma fala desenvolta e a ficar mais próximos dos acontecimentos sociais.
                                       Crianças concentradas nos livros literários


Outra forma, considerável, de se incentivar a leitura é levar os alunos a fazerem uma visita semanal à biblioteca da escola, tendo estes o direito de livre escolha dos livros. É bom que o professor determine um tempo para ficarem no local; um horário de cinqüenta minutos, por exemplo, dará para fazer a leitura de vários textos.

O ENSINO DE ESTRATÉGIAS DE COMPREENSÃO

                QUE É UMA ESTRÁTEGIA? O LUGAR DAS ESTRATEGIAS NO ENSINO DA LEITURA
Seria um grande abuso sugeri-lhe que tente explicar neste momento o que entende por “estratégias”, uma habilidade, uma destreza, uma técnica um procedimento para você, podendo estabelecer diferenças nítidas entre conceitos. Embora possam encontrar alguns pontos que impedem a total assimilação entre os termos sobre os quais lhe pedi que refletisse a verdade é que entre lês também se encontram semelhanças. Ainda que minha intenção não seja abordar detalhadamente suas características comuns e as suas  características comuns e as que permitem diferenciá-los, as novas propostas curriculares. Na literatura especializada, na tradição psicopedagógica.  Fala-se a seguir sobre estratégias de leituras, parece ser necessário situá-las em relação aos procedimentos.
“Um procedimento com freqüência  chamado de regra, técnica, método, destreza ou habilidade é um conjunto de ações ordenadas e finalizadas, isto é dirigidas á consecução de uma meta”. 
            Pode-se falar de procedimentos mais ou menos gerais em função do número de ações ou passos  e do tipo de meta a alcançar, nos conteúdos de procedimentos indicam-se conteúdos que também podem ser denominados “destreza”, “técnicas”, ou “estratégias “ , pois todos esses termos se referem as características que definem um procedimento , entretanto em alguns casos  podem ser diferenciados conteúdos que se referem a procedimentos ou destreza mais gerais, que para o seu aprendizado exigem outras técnicas mais especificas, relacionadas a conteúdos concretos.
Porque devemos ensinar estratégias? O papel das estratégias na leitura.
Existe um acordo generalizado, pelo menos nas publicações que situam em uma perspectiva cognitiva / construtiva da leitura, ema aceitar que quando se possui uma razoável habilidade para a decodificação, a compreensão do que se lê é produto de três condições.
v  Da clareza, e coerência do conteúdo dos textos, da familiaridade ou conhecimento de suas estruturas  e do conhecimento da suas estruturas e do nível aceitável do seu léxico, sintaxe e coesão interna.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Recomendação de Leitura do dia


   O LOBO E O CORDEIRO

         Na água limpa de um regato,
     matava a sede um cordeiro,
quando, saindo do mato,
veio um lobo carniceiro.
                                                                                          
Tinha a barriga vazia,
não comera o dia inteiro.

- Como tu ousas sujar
a água que estou bebendo?
- rosnou o Lobo a antegozar
o almoço. - Fica sabendo
que caro vais me pagar!


- Senhor - falou o Cordeiro - 
encareço à Vossa Alteza
que me desculpeis mas acho
que vos enganais: bebendo,
quase dez braças abaixo
de vós, nesta correnteza,
não posso sujar-vos a água.


- Não importa. Guardo mágoa
de ti, que ano passado,
me destrataste, fingido!
- Mas eu nem tinha nascido.
- Pois então foi teu irmão.
- Não tenho irmão, Excelência.
- Chega de argumentação.
Estou perdendo a paciência!
- Não vos zangueis, desculpai!
- Não foi teu irmão? Foi o teu pai
ou senão foi teu avô.
Disse o Lobo carniceiro.
E ao Cordeiro devorou.


Moral: Onde a lei não existe, ao que parece,
a razão do mais forte prevalece

Vídeo de Conto de fadas - O Gato de Botas

Vídeo de Contos de fada - Pinóquio

Principais Autores de Contos de Fadas

Perrault: “Chapeuzinho Vermelho”, “A Bela Adormecida”, “O Barba Azul”, “O Gato de Botas”, “Pequeno Polegar”, etc. 

Irmãos Grimm: “A gata borralheira” (que de tão famosa recebeu mais de 300 versões pelo mundo afora), “Branca de Neve”, “Os Músicos de Bremen”, “João e Maria”, etc. 

Andersen: “O Patinho Feio” 

Charles Dickens: “Oliver Twist”, “David Copperfield” 

La Fontaine: “O Lobo e o Cordeiro” 

Esopo: “A lebre e a tartaruga”, “O lobo e a cegonha”, “O leão apaixonado” 

Carlos Jansen : (“Contos seletos das mil e uma noites”), Figueiredo Pimentel (“Contos da Carochinha”), Coelho Neto, Olavo Bilac e Tales de Andrade. 

Monteiro Lobato:   Urupês”, “Cidades Mortas”,“Idéias do Jeca Tatu”, “Negrinha”, “Reinações de Narizinho” (livro que reúne várias histórias infantis), “Sítio do Pica-pau Amarelo”, “O Minotauro”.

Ziraldo: “O Menino Maluquinho”, “A bonequinha de pano”, “Este mundo é uma bola”, “Uma professora muito maluquinha”. 

Ana Maria Machado
: “A Grande Aventura de Maria Fumaça”, “A Velhinha Maluquete”, “O Natal de Manuel”.

Carlo Collodi - " Pinóquio''. 

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Recomendação de Leitura do dia


Pequeno Polegar

    Era uma vez, um pobre lenhador que tinha sete filhos. O  caçula  era tão  pequenino que se chamava Pequeno  Polegar. Quando  ele  nasceu  não  media mais do que um dedo polegar.
Uma noite, na cozinha, o lenhador falou à sua mulher:

 - Querida, não  temos  mais  como  alimentar  as  crianças,  amanhã           
deixarei todos na floresta, quem sabe alguém as encontre e cuide delas.

     O Pequeno Polegar, como era muito esperto e bisbilhoteiro, escutou a
conversa dos pais. Passou a noite inteira pensando  no  que  faria  para
conseguir achar o caminho de volta para casa.
    Na manhã  seguinte,  o  lenhador  seguiu  com  as  crianças  para  a
floresta. Polegar levou um pedaço  de  pão  escondido  no  bolso,  e  ia
deixando um rastro de migalhas pelo caminho.
     No final do dia, as  crianças  se  distraíram  brincando,  e  quando
perceberam, seu pai havia sumido. Assustados, todos começaram a  chorar.
Polegar falou para seus irmãozinhos:

  - Não chorem, sei como faremos para  voltar  para  a  casa,  basta
seguir o caminho que fiz com migalhas de pão.

    Eles começaram a seguir as migalhas, e um  pouco  mais  para  frente         
perceberam que os passarinhos haviam comido todas elas.
Sem saber para onde ir,  começaram  a  caminhar  pela  floresta. De
repente encontraram um castelo  muito  grande,  e  resolveram  bater  na
porta.
     Uma senhora muito bondosa atendeu as  crianças. Ela  deu  comida  e
bebida para elas, e disse que poderiam descansar à vontade. Ela contou
que o dono do castelo era um  gigante  muito  malvado,  e devorava as
criancinhas, mas ele estava viajando. Avisou-os que deveriam ir embora
imediatamente, caso gigante voltasse.
     No meio da noite o gigante apareceu de surpresa em casa. A  senhora
correu até o quarto das crianças e mandou-as fugir depressa. O gigante
sentiu o cheiro das crianças,  e  começou  a  procurá-las. Elas pularam
a janela, e correram para o bosque. O Malvado,  zangou-se, porque deixou
escapar tão boa comida. Calçou as  suas  botas mágicas, e saiu correndo
atrás dos sete irmãozinhos. Ele correu a noite  toda,  e  não  encontrou
os  meninos. De  manhã resolveu parar para descansar e adormeceu
rapidamente.
     O Pequeno Polegar, vendo que o gigante roncava alto, roubou as botas
mágicas. Graças a elas as crianças conseguiram voltar para casa. Sem  as
botas, o gigante  perdeu  seus  poderes  e  foi  embora  para  um  
lugar
distante.
      O rei ficou muito agradecido, porque os meninos espantaram o gigante do
seu reino. Polegar ganhou o emprego  de  mensageiro  do  rei,  e    sua   família nunca mais passou fome.

A História do Conto de Fadas

Os contos de fadas são uma variação do conto popular ou fábula. Partilham com estes o fato de serem uma narrativa curta, transmitida oralmente, e onde o herói ou heroína tem de enfrentar grandes obstáculos antes de triunfar contra o mal. Caracteristicamente envolvem algum tipo de magia, metamorfose ou encantamento, e apesar do nome, animais falantes são muito mais comuns neles do que as fadas propriamente ditas. Alguns exemplos: "Rapunzel", "Branca de Neve e os Sete Anões" e "A Bela e a Fera".


Origens 


Ilustração de The Seven Wishes em Among pixies and trolls de Alfred Smedberg.
Fadas são entidades fantásticas, características do folclore europeu ocidental. Apresentam-se como mulheres de grande beleza, imortais e dotadas de poderes sobrenaturais, capazes de interferir na vida dos mortais em situações-limite. As fadas também podem ser diabólicas, sendo corriqueiramente denominadas "bruxas" em tal condição; embora as bruxas "reais" sejam usualmente retratadas como megeras, nem sempre os contos descrevem fadas "do mal" como desprovidas de sua estonteante beleza.

As primeiras referências às fadas surgem na literatura cortesã da Idade Média e nas novelas de cavalaria do Ciclo Arturiano, tomando por base textos-fontes de origem reconhecidamente céltico-bretã. Tal literatura destaca o amor mágico e imortal vinculado às figuras de fadas como Morgana e Viviana, o que evidencia o status social elevado das mulheres na cultura celta, na qual possuíam uma
ascendência e um poder muito maiores do que entre outros povos contemporâneos (ou posteriores).

Caracteristicas do conto 
  • Podem contar ou não com a presença de fadas, mas fazem uso de magia e encantamentos;
  • Seu núcleo problemático é existencial (o herói ou a heroína buscam a realização pessoal);
  • Os obstáculos ou provas constituem-se num verdadeiro ritual de iniciação para o herói ou heroína;


segunda-feira, 25 de abril de 2011

RECOMENDAÇÃO PARA LEITURA

Olhos verdes
Por António Torrado | Cristina Malaquias, 26 de Abril de 2009

Esta história passou-se na Índia, há muito tempo.
Certo rajá tinha dois filhos, dois filhos já homens, mas muito diferentes entre eles. Um, o mais velho, era tão feio por dentro como por fora. Para condizer, casara-se com uma feiticeira, uma peste.
O mais novo, ainda solteiro, não era feio nem bonito, mas, conhecendo-o melhor, percebia-se que a beleza dele estava toda concentrada no coração. E tinha olhos verdes.
O rei ou rajá, encarando os dois filhos e ajuizando sobre o que deles sabia, decidiu:
- Quem vai herdar o meu reino será o meu filho mais novo, que tem qualidade para ser um bom rei.
A feiticeira, casada com o mais velho, não gostou da escolha do sogro e maquinou um feitiço para afastar o cunhado rival. Convidou-o a tomar chá na varanda dos seus aposentos e misturou uma poção mágica nas folhas da chaleira.
O bom príncipe bebeu e transformou-se em peixe.
- Vai nadar para o meio dos teus irmãos - disse a bruxa, atirando-o ao rio, que corria debaixo da varanda do palácio, e largando uma daquelas gargalhadas arrepiantes, que só as bruxas sabem dar: - Ah! Ah! Ah! Não é assim, nem pouco mais ou menos, mas como não sou bruxa...
O príncipe, transformado em peixe, nadou rio abaixo. Deste rio passou para outro maior, que se comunicava com outro imenso, tão largo como um braço de mar.
Foi pescado.
A rede que o pescou, de cambulhada com outros peixes, era puxada pelos servos de outro rajá, rei de outro reino.
Muitos peixes morreram antes de chegar ao palácio. Um dos que sobreviveu e que chamou a atenção do cozinheiro foi o bom do peixe-príncipe.
- É diferente dos outros - disse o cozinheiro. - Tem olhos verdes e corpo dourado. Vou oferecê-lo à princesa.
Ficou num aquário, à cabeceira da cama da princesa, que logo se encantou por ele.
- Gostava tanto de ser peixe, para nadar ao teu lado - segredou-lhe, um dia, a princesa.
- Pois eu gostava de ser homem, para poder estar ao teu lado - segredou-lhe o peixe.
Tamanha vontade dos dois tinha de resultar. O amor é uma grande magia.
A jovem princesa começou por surpreender-se com as falas de um peixe de olhos verdes. Mais razão tinha para estranhar, quando o peixe se transformou em homem. Mas não estranhou. Os olhos verdes eram os mesmos...
Claro que daí a um tempo casaram.
Com ajuda dos exércitos do sogro, o príncipe de olhos verdes recuperou o reino, aprisionou a cunhada e o irmão e reinou feliz em companhia da princesa, rodeados por principezinhos de olhos verdes e de olhos castanhos. Não sei se disse que a princesa tinha olhos profundamente castanhos. Belíssimos.
Nestas histórias fica sempre muita coisa por contar...

UM POUCO DA HISTÓRIA DA LITERATURA INFANTIL

      A literatura infantil divide-se em dois momentos: a escrita e a lendária. A lendária nasceu da necessidade que tinham as mães de se comunicar com seus filhos, de contar coisas que os rodeavam, sendo estas apenas contadas, não sendo registradas por escrito. Os primeiros livros infantis surgiram no século XVII, quando da escrita das histórias contadas oralmente. Foram obras de fundo satírico, concebidas por intelectuais que lutavam contra a opressão para estigmatizar e condenar usos, costumes e personagens que oprimiam o povo. Os autores, para não serem atingidos pela força do despotismo, foram obrigados a esconder suas intenções sob um manto fantasioso (Cademartori, 1994).

O início da literatura infantil pode ser marcado com Perrault, entre os anos de 1628 e 1703, com os livros "Mãe Gansa", "O Barba Azul", "Cinderela", "A Gata Borralheira", "O Gato de Botas" e outros. Depois disso, apareceram os seguintes escritores: Andersen, Collodi, Irmãos Grimm, Lewis Carrol, Bush. No Brasil, a literatura infantil pode ser marcada com o livro de Andersen "O Patinho Feio", no século XX. Após surgiu Monteiro Lobato, com seu primeiro livro "Narizinho Arrebitado" e, mais adiante, muitos outros que até hoje cativam milhares de crianças, despertando o gosto e o prazer de ler (Cademartori, 1994).

Leitura e formação do gosto (por uma pedagogia do desafio do desejo)



Segundo a autora Maria do Rosário
Há um problema da leitura da literatura na escola, onde ela não se resume em questões de adequação à faixa etária ou ao gosto do aluno, de veiculação de conteúdos úteis, de condicionamento do hábito de ler através de técnicas milagrosas. Onde seu estudo envolve aspectos complexos.
Que Leitura e Literatura são fenômenos sociais relacionados às condições de emergência e utilização de determinados escritos, em determinada época. Leitura e literatura são nesse sentido, formas de conhecimento, tornando-se necessário pensá– las do ponto de vista de seu funcionamento sócio -histórico. E é através da leitura que se conhecem e aprendem os conteúdos de ensino é pela leitura que se conhece e aprende, portanto também a literatura como, por exemplo:
 O texto literário propõe uma ação na esfera imaginativa, criando uma nova relação entre situações reais e situações de pensamento, ampliando, assim, o campo de significados e auxiliando na formação dos planos da vida real. Lida com necessidades de imaginação e fantasia, onde se criam e seguem regras voluntarias para satisfação do desejo é um meio de se atingir prazer máximo, fornecendo estruturas básicas para a mudança de necessidades e consciência que propiciem avanços nos níveis de desenvolvimento. O texto se caracteriza pelo conjunto de relações que o definem como unidade de sentido. E preciso trazer a literatura para a sala de aula, para “despertar “ o sabor de ler; que é preciso propiciar condições para o prazer como satisfação de necessidades,para a consciência da moda e do aspecto social da leitura e do gosto. A formação do gosto envolve também a diversidade  como principio norteador da seleção e utilização dos textos literários e da reflexão sobre o desenvolvimento dos sujeitos alunos. O trabalho com a leitura da literatura tem de levar em conta essa luta da criança e do jovem ( e do professor )inserida na luta e  nas condições da linguagem. Com a superação critica e histórica do gosto, com base numa pedagogia  do desafio do desejo.

Reinações de Narizinho

Reinações de Narizinho é um livro infantil de autoria de Monteiro Lobato (1931). É o livro que serve de propulsor à série que seria protagonizada no Sítio do Picapau Amarelo.
Apresenta os personagens de grande sucesso: Emília, a boneca que fala, Pedrinho e Narizinho, as crianças que partem nas aventuras, o Visconde de Sabugosa, o sabugo de milho que é um sábio,Dona BentaTia Nastácia, o Marquês de Rabicó e outros.
O livro é composto de várias pequenas histórias, previamente publicadas, compostas em capítulos. Algumas histórias são plenamente originais, enquanto outras histórias são interessantes combinações utilizando histórias e personagens já conhecidos, como a visita dos personagens do Mundo das Maravilhas, incluindo as princesas Branca de Neve e Cinderela e Aladim. Monteiro Lobato, dessa forma, já utilizava em 1931 a técnica que recentemente fez o sucesso da animação cinematográfica Shrek.
O fato do livro ser composto de várias histórias é evidenciado por pequenos lapsos de continuidade, assim como por alguns trechos com explicação que só fariam sentido em publicações separadas. Ou seja, o livro Reinações de Narizinho é um livro que mostra todos os livros já escritos por Monteiro Lobato.
Reinações de Narizinho é uma dos melhores obras da literatura infantil porém, já mostra algumas inadequações ao contexto sócio-político atual. Dois problemas que podem ser facilmente identificados são, a linguagem antiga, já em desuso, e a abordagem preconceituosa e politicamente incorreta (mas aceita na época quando foi escrito) dada ao personagem negro, Tia Nastácia.
Jeca Tatuzinho
Jeca Tatu é um personagem criado por Monteiro Lobato em sua obra Urupês, que contém 14 histórias baseadas no trabalhador rural paulista. Simboliza a situação do caboclo brasileiro, abandonado pelos poderes públicos às doenças seu atraso e à indigência.
"Jeca Tatu não é assim, ele está assim".
A frase de Monteiro Lobato, sobre um dos seus mais populares personagens, refere sua obra para além das histórias infantis e incomoda a elite intelectual da época, acostumada a uma visão romântica do homem do campo. Jeca Tatu, um caipira de barba rala e calcanhares rachados – porque não gostava de usar sapatos, era pobre, ignorante e avesso aos hábitos de higiene urbanos. Morava na região do Vale do Paraíba (SP), distinta por seu atraso.
O personagem Jeca Tatu e a análise dele feita por Monteiro Lobato conto Urupês e no artigo "Velha Praga" de Monteiro Lobato, é assim explicado pelo folclorista Cornélio Pires, quando analisa o caipira caboclo:
Coitado do meu patrício!, (o caipira caboclo), Apesar dos governos os outros caipiras se vão endireitando à custa do próprio esforço, ignorantes de noções de higiene… Só ele, o caboclo, ficou mumbava, sujo e ruim! Ele não tem culpa… Ele nada sabe. Foi um desses indivíduos que Monteiro Lobato estudou, criando o Jeca Tatu, erradamente dado como representante do caipira em geral!

Cornélio Pires
O trabalho do escritor voltado para várias questões sociais, dentre elas a saúde pública no país, repercute na política e na campanha sanitarista da década de 1920, denunciando a precariedade da saúde das populações rurais, com impacto na redefinição das atribuições do governo no campo da saúde.
Num primeiro momento, em artigos publicados no jornal O Estado de São Paulo, (1914), Lobato pensa o caboclo como uma praga nacional:funesto parasita da terra (…) homem baldio, inadaptável à civilização (…), responsabilizando-o pelos problemas da agricultura.
A história do Jeca Tatu relaciona-se com a de Lobato. Segundo seus biógrafos, em 1911, ele herda do avô a fazenda Buquira, no Vale do Paraíba (SP), tornando-se fazendeiro. Desentende-se com empregados e cria uma figura desqualificada do caipira, tomando o caipira caboclo como protótipo do caipira, considerando-o preguiçoso demais para promover melhorias no seu modus vivendi.
No entanto, no bojo das campanhas sanitaristas, Monteiro Lobato modifica sua análise do problema: Pobre Jeca. Como és bonito no romance e feio na realidade., transformando-o num novo símbolo de brasilidade. Não por acaso, em 1924, foi criado o personagem radiofônico Jeca Tatuzinho, que ensinava noções de higiene e saneamento às crianças.